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VÍDEO CEDIDO PELO PR. JOSH MCDOWELL, EM SUA PALESTRA EM CURITIBA - PR NO DIA 05/MAIO/2012 NO SEMINÁRIO: "A VERDADE NUA E CRUA - AMOR, SEXO E RELACIONAMENTO"
Para a maioria dos
cristãos é ponto pacífico que a missão da Igreja está revelada na grande
comissão (Mt. 28.18-20; Mc. 16.15-18; Lc. 24.49 /At. 1.8; Jo. 17.18, 20.21). Porém,
o que não está claro são as implicações resultantes desta grande comissão. A
não compreensão de sua totalidade deixa a missão da Igreja reduzida a
simplesmente “evangelizar”, em detrimento dos demais aspectos.
No artigo “A missão da Igreja: Uma perspectiva
latino-americana” Alderi Souza de Matos mostra que o Pacto deLausanne repensou
a maneira de a Igreja pensar sua missão:
OPacto
de Lausannefoi muito além
das declarações evangélicas tradicionais, demonstrando que o evangelismo
bíblico é inseparável da responsabilidade social, do discipulado cristão e da
renovação da igreja. Lausanne abordou o tema abrangente da evangelização
mundial, referindo-se com isso ao ministério e à missão total da igreja.[i]
Referindo-se à missão
da Igreja, o mesmo autor instiga-nos a perguntar: “Como pode a igreja ser o que
deve ser e fazer o que deve fazer se não tiver uma clara compreensão acerca do
seu propósito na sociedade e no mundo?”[ii]
O peruano Pedro
Arana esclarece a compreensão da missão da Igreja, extraída da grande comissão,
interpretando o texto bíblico de João 20.21:
(...)
‘Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio’ (Jo 20.21), sugere que
a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo. Dito de outra
maneira, a missão de Cristo é o modelo para a missão da Igreja: ‘Assim como o
Pai me enviou, eu também vos envio’. Isso quer dizer que, da compreensão da missão
de Jesus Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão [iii].
Arana destaca também que
“Jesus ensinou, anunciou o evangelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem
lugar dentro da missão da Igreja, sem mescla nem combinação”[iv]. Isso quer dizer que a missão da Igreja vai
além de anunciar o Evangelho, embora este mandato não deva ser negligenciado. A
missão da Igreja está ligada também ao serviço, especialmente aos que sofrem, porque
se baseia no exemplo de Cristo, que veio para servir (Mc. 10.45). Este servir
inclui as relações de cuidado.
Deste ponto de vista,
a missão abarca todas as esferas antropológicas, do ser humano (corpo, alma e espírito),
de uma forma holística e integral. Samuel Escobar lança luz sobre isso:
A
consideração dessa antropologia bíblica reflete-se na maneira como se concebe a
vida cristã, tanto a salvação como o que vem depois da salvação. O biblista
Hoke Smith diz claramente: “A salvação que Cristo oferece abarca a totalidade
do homem, sim, sua vida carnal, o que come, suas dores, suas fraturas, suas
enfermidades corporais ou mentais. Cristo Jesus veio para que tenhamos vida e
para que a tenhamos em abundância; não parcial, para uma parte do nosso ser,
mas vida abundante que abrange a totalidade do nosso ser. Tudo o que Deus criou
é objeto do seu amor e de sua obra redentora”.[v]
Portanto, não há como
negar que a missão da igreja evidencia o cuidado integral. O ser humano, que
apresenta muitas carências – físicas, emocionais e espirituais, necessita do
cuidado. A Igreja não pode fechar os olhos para isso. Ela deve servir os que
sofrem, cuidando-os.
Rodolfo Goede Neto utiliza
o termo Igreja do Cuidado, para ilustrar a manifestação eclesiológica
da missão integral. Segundo ele “a Igreja do Cuidado existe onde pessoas de fé
se colocam a serviço do cuidado de Deus e permitem que o cuidado de Deus chegue
às pessoas em sua realidade cotidiana”[vi].
Segundo o mesmo autor
as pessoas dos tempos atuais apresentam muitos problemas emocionais, entre eles
a carência, a insegurança, a angústia e a opressão, todos potencializados pelo
medo. “As pessoas que convivem com o medo requerem da Igreja uma sensibilidade
especial”[vii].
Ele afirma que as pessoas vão à Igreja “para buscar paz, acolhimento, alívio de
tensões, segurança, bênção e cura”[viii].
Por isso é dever da Igreja, a Igreja do Cuidado, estar presente nestes momentos
de tensão existenciais, e lançar mão dos recursos que ela tem, especialmente
sua linguagem simbólica, para trazer para perto das pessoas o cuidado de Deus.
A Igreja, para cumprir
sua missão de cuidadora, pode utilizar-se da ritualização das passagens,
trazendo a certeza do cuidado de Deus para com o indivíduo em momentos de
tensão (sofrimento) na sua vida. Também deve desempenhar o seu ministério
diaconal, trabalhando nas questões sociais, que necessitam do seu cuidado e
engajamento. Por fim, a Igreja do Cuidado deve nutrir o cristão através da
espiritualidade, exercitando a oração e promovendo o cuidado espiritual.
Para concluir é
fundamental entender que “toda a pessoa cristã é chamada para cuidar. A fé nos
dá olhos para enxergar o outro e a outra que sofre. A fé nos liberta para
estarmos centrados(as) no outro e na outra”[ix].
Sem dúvida o cuidado integral faz parte da essência da missão da Igreja.
[iii] ARANA, Pedro “Bases Bíblicas da Missão Integral da
Igreja”. In: STEUERNAGEL, Valdir (Ed), A
Serviço do Reino, Um Compêndio Sobre a Missão Integral da Igreja, Editora
Missão Mundial, Belo Horizonte, 1992, 312 páginas.
[v] ESCOBAR, Samuel. Servir a Deus no mundo in: Tive Fome: Um
desafio a servir a Deus no mundo. São Paulo: ABU Editora, 2004, pp35-46.
[vi]HOCH,Lothar Carlos; ROCCA L., Susana M. (Orgs.). Sofrimento,
resiliência e fé. Implicações para as relações de cuidado. São Leopoldo,
Sinodal, 2007, p.68.