segunda-feira, 13 de junho de 2011

PALESTRA NO COMPED 2011 - JARDIM EDILENE - JOINVILLE - SC


PALESTRA 02
EBD X DISCIPULADO: A NECESSIDADE HODIERNA DO DIÁLOGO, A OPORTUNIDADE DE COOPERAÇÃO MÚTUA

I – INTRODUÇÃO

            A Grande Comissão dada por ocasião da ascensão do Senhor Jesus é uma ordenança multíplice. Sabendo disso, se a Igreja dedicar-se a apenas uma faceta desta importante tarefa, com certeza não cumprirá integralmente o intento original de Cristo. Ao edificar a “sua Igreja” (Mt. 16.18) e confirmá-la (Atos 1.8 / Atos 2.1ss), Jesus tinha em mente não só o anunciar o evangelho (gr. kerigma: proclamação), mas também a formação de discípulos (gr. Mateteuo: fazer discípulos) e a educação cristã (Ef. 4.11-16). Conforme leitura de Atos 5.42, na Igreja a Igreja do NT cumpria estes propósitos: E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo.

1.     DEFINIÇÕES:

a) DISCIPULADO
(Lat. Discipulatus) S. m. Conjunto dos alunos de uma escola. Aprendizado. Estado de quem é discípulo. Definição Bíblica: Fazer discípulos. Em Mateus 28.19-20: “Fazei discípulos” v.19 (gr. Mateteuo). “Ensinar” v. 20 (gr. Didasko). Definição Corrente: “O discipulado Cristão é um relacionamento de mestre e aluno, baseado no modelo de Cristo e seus discípulos, no qual o mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em Cristo, que o aluno é capaz de treinar outros para ensinarem a outros” (Keith Phillips).
b) DISCÍPULO
S.m. O que recebe disciplina ou instrução de outro; aluno. Pessoa que adota uma doutrina: ex.: discípulo de Platão. O que segue as idéias ou imita os exemplos de outro: ex.: discípulo de Hegel. Definição Bíblica: A palavra discípulo (gr. Mathetés) aparece 269 vezes nos Evangelhos e em Atos. Significa “pessoa ensinada, treinada, aluno, aprendiz”. Definição Literária: Gary W. Kuhne em seu livro “O Discipulado Dinâmico”, define discípulo como “um crente que está crescendo em conformidade com Cristo, está dando frutos no evangelismo, e fazendo o trabalho de aconselhamento para conservação dos frutos”.

II – DESENVOLVIMENTO:
DISCIPULADO X EDB: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO

1.    TRANSFORMANDO NOSSOS MESTRES EM DISCIPULADORES
Cada professor da EBD é um discipulador em potencial. Por isso, cada professor deve fazer discípulos. Segundo Pr. Marcos Tuler, os requisitos necessários para o professor se tornar um discipulador são os seguintes:
a) Ser chamado por Deus para o ministério do ensino (Ef 4.11,12).
Os professores da EBD são freqüentemente escolhidos pelos líderes e não vocacionados por Deus. Os vocacionados têm esmero (dedicação): "...se é ensinar, haja dedicação ao ensino" (Rm 12.7b). Esmero significa integralidade de tempo no ministério - estar com a mente, o coração e a vida nesse ministério. Ser professor é diferente de ocupar o cargo de professor.
b) Ter um relacionamento vital e real com Jesus Cristo. O que representa este relacionamento? Cristo é seu salvador pessoal; salvo-o de todo o pecado e é também Senhor e dono da sua vida.
c) Esforçar-se em seguir o exemplo de Jesus. Jesus é o maior pedagogo de todos os tempos; usou todos os métodos didáticos disponíveis para ensinar.
d) Reconhecer a importância da sua tarefa e encará-la com seriedade. Qual importância? Quando um investimento espiritual é feito em outra vida, você participa de toda a glória das recompensas espirituais que serão colhidas através da vida, para sempre. O apóstolo Paulo disse aos tessalonicenses: "Vós sois a nossa glória e nosso gozo" (1 Ts 2.20). Por que seriedade? Por causa do juízo: "...meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo" (Tg 3.1).
e) Lealdade. No apoio ao pastor; na assistência aos cultos; na participação no sustento financeiro.
f) Disposição de aprender. O homem é um ser educável e nunca acaba de aprender. Aprendemos com os livros; com nossos alunos; aprendemos enquanto ensinamos. "Não há melhor maneira de aprender do que tentar ensinar outra pessoa." Quando não sabe uma resposta, é melhor ser honesto e dizer que não sabe.
g) Saber planejar suas aulas. Ter objetivos claros e definidos em cada etapa do ensino.
·                O que pretendo alcançar (Objetivos)
·                Como alcançar (Métodos e recursos)
·                Em quanto tempo (cronograma)
·                O que fazer e como fazer (Procedimentos de ensino)
·                Como avaliar o que foi alcançado (Avaliação)
h) Entender o processo de aprendizagem.
·                Até o séc XVI, a prender era memorizar.
·                Séc XVII, fórmula de "Comenius": compreensão, memorização, aplicação.
·                Hoje, a aprendizagem é um processo: lento, gradual e complexo - aprender é modificar o comportamento.
i) Conhecer variados métodos de ensino. 
j) Ensinar com motivação.
O professor não motiva, incentiva. Deve saber e dominar o que vai ensinar. Conhecer bem a Palavra, o currículo e a lição daquele dia. Este conhecimento deve fazer parte de sua experiência.
l) Despertar o aluno para a salvação e o crescimento espiritual. "Ele está se tornando semelhante a Cristo?"
m) Viver o que ensina.
n) Ser crente integrado à sua igreja: presença nos cultos e atividades da igreja; dizimista; manter-se distante dos ventos de doutrinas; eticamente correto.”

2.    CONHECENDO NOSSOS ALUNOS
Quem são nossos alunos? No caso do discipulado, são novos convertidos. A diferença e a ênfase estão justamente nisto: não são alunos comuns. São como crianças recém-nascidas em Cristo. A linguagem e a abordagem devem ser diferentes.
Para que o mestre possa ganhar vidas para Jesus e torná-los discípulos do Senhor ele precisa conhecer melhor seus alunos. Você conhece seus alunos? Vamos fazer um teste. Pense em três novos convertidos de sua igreja e responda às perguntas abaixo:
·  Sabe o nome deles?
·  Pode lembra-se onde eles moram?
·  Sabe a data do aniversário deles?
·  Sabe como vão indo nos estudos ou no trabalho?
·  Mantém boas relações com suas famílias?
·  Conhece algum problema em particular?
·  O que poderia dizer sobre seu testemunho cristão?
·  Há alguma coisa especial de que necessitam?
·  Quando foi que aceitaram a Cristo?
Outra pergunta pertinente: o seu aluno é um seguidor ou um discípulo?
Vejamos as diferenças entre o seguidor e o discípulo: Todo discípulo é um seguidor, mas nem todo seguidor é um discípulo. O seguidor se sustenta para resto de sua vida com o leite espiritual (Hb 5.12); o discípulo é desmamado para servir (1 Sm 1.23,24). O seguidor se ganha, o discípulo se faz. O seguidor adora a Deus em cada culto, o discípulo adora a Deus em todo tempo. O seguidor pertence a uma instituição, o discípulo é membro do corpo de Cristo. O seguidor costuma esperar pães e peixes, o discípulo é um pescador. O seguidor luta para crescer, o discípulo, para reproduzir. O seguidor às vezes reclama, o discípulo obedece e nega-se a si mesmo. O seguidor costuma ser condicionado pelas circunstâncias, o discípulo aproveita as circunstâncias para exercer a sua fé. O seguidor reclama que não lhe visitam, o discípulo visita. Os seguidores esperam por milagres, os discípulos operam milagres. Os seguidores costumam como soldados aquartelados, os discípulos são soldados invasores das trincheiras inimigas. O seguidor sonha com a igreja ideal, o discípulo trabalha para igreja real. O seguidor espera um avivamento, o discípulo é parte dele. O seguidor se lamenta por não ter ambiente na congregação, o discípulo cria ambiente na congregação. O seguidor acha defeitos na Igreja, o discípulo a vê como a Noiva do Cordeiro. O seguidor é importante, mas o discípulo é indispensável!

3.    O PROCESSO DO DISCIPULADO NA EBD
            O processo do discipulado através da EBD é o mesmo do que o discipulado convencional. As etapas do discipulado se desenvolvem como a existência humana. Jesus sempre comparou a vida física à vida espiritual (João 3.7). Nosso alvo no discipulado é levar o neo-converso de João 3.16 até 1 João 3.16.

a)    GRAVIDEZ (EVANGELISMO)
            No evangelismo é plantada a semente no coração da pessoa (Mateus 13.3-23). Por isso a EBD deve sair das quatro paredes das salas de aula e alcançar as vidas que estão lá fora, no mundo, para semear.
Depois de plantada, a semente começa a germinar e a brotar. Isto é comparável ao parto. Toda mulher quando está dando a luz, normalmente sente dores de parto. Ela grita, geme, até chora. O mesmo deve suceder no seio da igreja (Gálatas 4.19). Na hora em que o mestre, evangelizador ou discipulador estiver fazendo o apelo, convidando a pessoa a se entregar a Jesus, a Igreja ou a Classe deve estar sentindo as dores de parto, ou seja orando, gemendo e até chorando. Então, com a cooperação de todos, o milagre do novo nascimento acontece.

b) NASCIMENTO (CONVERSÃO) (JOÃO 3.7)
Nos hospitais as enfermeiras auxiliam os médicos no parto.  Isto nos fala que na hora do evangelista ou o mestre carecem de auxiliares, de alguém que vá ao pecador e carinhosamente faça-lhe o convite do novo nascimento, estendendo-lhe a mão amiga.

c) CUIDADOS ESPECIAIS (SONDAGEM E PRÉ-DISCIPULADO)
            O recém-nascido precisa de cuidados especiais. Ele precisa ser identificado (recebe um nome) e recebe todas as condições necessárias (roupas, leite materno, remédio se for o caso). Quanto ao novo convertido não é diferente. Devem ser recepcionados imediatamente após a conversão e identificados, através da "Ficha de Decisão". Qual a finalidade da identificação? 1) Ter como localizá-lo. 2) Conhecer a realidade dele. Sondagem ® Coleta de dados ® Conhecimento da realidade ® Diagnóstico ® Estratégia de Trabalho
- São totalmente dependentes espiritualmente. Só conseguem digerir os aspectos mais simples das verdades espirituais. "Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tão pouco ainda agora podeis" (1 Coríntios 3.1-3).  Precisam ser alimentadas por outrem. Um recém-nascido não pode alimentar-se com o mesmo alimento de um adulto. Começa com: Leite Materno, depois Nestogênio, Lactogênio, Ninho Instantâneo, Verduras e etc. Que lição tiramos daqui? Não podemos alimentar o novo convertido com comida forte.
            Não haverá crescimento espiritual independente da Palavra de Deus. "Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo" (1 Pe 2.2).
- Têm dificuldade em falar (de explicarem a razão da fé).
- Falta-lhes um senso adequado de valores. Agarram-se a detalhes sem importância, em vez de aprenderem o que tem realmente valor. Eles se escandalizam facilmente.
- Cuidando da saúde do recém-nascido. Não o deixe descalço (Efésios 6.15). Não o deixe com roupas espirituais sujas (Eclesiastes 9.8). Não o deixe com fome (Mateus 14.16).

d) CRESCIMENTO (EDIFICAÇÃO)
.
Toda criança em fase de desenvolvimento manifesta sua vocação. O novo convertido em fase de crescimento espiritual, também manifesta sua vocação ou talento, entregue por Deus para o bom andamento da obra.
Ajude o novo convertido a descobrir sua vocação. Como ajudar? Dando-lhe oportunidade para desenvolver o talento. Desafie-o a levar outras pessoas a Cristo e trazê-las na EBD.

e) FASE ADULTA (MATURIDADE CRISTÃ)
Mesmo na fase adulta os pais acompanham os filhos no seu trabalho, nos estudos e no casamento, mais de longe, mas sempre orientando quando são procurados. Da mesma forma, nesta fase o Cristão já está apto a assumir suas próprias responsabilidades, mas o discipulador, o “pai na fé” será consultado sempre para orientar em assuntos difíceis.

f) REPRODUÇÃO (MULTIPLICAÇÃO DE DISCÍPULOS)
Esta fase é quando o filho passa a ser também pai, assumindo a responsabilidade de cuidar de outra vida, assim como foi cuidado quando era criança. Assim o ciclo se repete: o discípulo passa a ser um discipulador, ou seja, acontece aí a multiplicação. Ler novamente 2 Timóteo 2.2.

III – CONCLUSÃO:

Concluímos que o exemplo da Igreja do NT em Atos 5.42, deve ser seguidos por nós nos dias atuais. Ensinar e anunciar são os deveres da Escola Dominical e do Discipulado. É impossível conceber o avanço do Cristianismo sem cumprirmos este papel. E estes dois ministérios podem e devem cooperar mutuamente para o Cumprimento da Grande Comissão.

IV – APÊNDICE:

PORQUE A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL DEVE DISCIPULAR:
a) Discipular é o cumprimento dos propósitos de Deus para a Sua Igreja.
b) Discipular é uma das maneiras mais estratégicas de se ter um ministério pessoal ilimitado.
c) Discipular é o mais flexível dos ministérios.
d) Discipular é a maneira mais rápida e segura de mobilizar todo o corpo de Cristo para evangelizar.
e) Discipular tem um potencial de mais longo alcance para produzir frutos do que qualquer outro ministério.
f) Discipular propicia à igreja local excelentes líderes.
g) Discipular é um antídoto contra as heresias.
V – BIBLIOGRAFIA:

Apostila. Discipulado – Ensino Dinâmico para Novos Convertidos. Joary Jossué Carlesso. Fraiburgo, 2002.
Apostila. Desafios Pós-Modernos da Formação Cristã – O Discipulando. Pr. Esdras Costa Bentho. 3º SIMECC – Simpósio De Educadores Cristãos de Caçador, 2009. (Usado com permissão do autor)
Apostila. Ensino Dinâmico para novos convertidos. Pr. Marcos Tuler. 2º SIMECC – Simpósio De Educadores Cristãos de Caçador, 2008. (Usado com permissão do autor)
Apostila. Integração e Discipulado do Novo Crente. Pr. Esdras Costa Bentho. 1º SIMECC – Simpósio De Educadores Cristãos de Caçador, 2007. (Usado com permissão do autor)
Apostila. Seminário: Formação de Líderes de Discipulado. Joary Jossué Carlesso. Caçador, 2009.
BARTH, Karl. Chamado ao Discipulado. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.
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DICIONÁRIO ONLINE. www.dicio.com.br. Acesso em 05 de maio de 2011.
DORNAS, Lécio. Socorro! Sou Professor da Escola Dominical. São Paulo: Hagnos, 2002.
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Lições Bíblicas. Discipulado e Integração. Comentário: Pr. Geremias do Couto. 1º Trimestre de 1996. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
Lições Bíblicas. Movimento Pentecostal: As doutrinas da nossa fé. Comentário: Pr. Elienai Cabral. 2º Trimestre de 2011. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Livro: IX EEDUC. Igreja Educadora: Um desafio participativo. Palestra: Pr. Benjamin Ângelo de Souza. Itajaí: Etebras, 2008.
Livro: VI EEDUC. O Ofício Educacional da Igreja. Palestra: Pr. Eliezer Morais. Itajaí: CEC – CIADESCP, 2005
MELLO, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
MENDES, Naamã. Igreja Lugar de Vida. Venda Nova: Editora Betânia, 1993.
PHILLIPS, Keith. A Formação de Um Discípulo. São Paulo: Editora Vida, 2005.
QUEIROZ, Edson. Igreja Local e Missões. São Paulo: Edições Vida Nova, 1998.
WARREN, Rick. Uma Igreja com Propósitos. São Paulo: Editora Vida, 1998.
CHAPLIN, R. N. & BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2001.
BORNSCHEIN, Fred. Diaconia – um estilo de vida. Curitiba: GRAFIVEN, 2005.

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