segunda-feira, 14 de maio de 2012

ALCANÇANDO ESTA GERAÇÃO COM O DISCIPULADO


PALESTRA MINISTRADA NO TEMPLO SEDE DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE ESTEIO - RS

 Pr. Joary Jossué Carlesso*


“Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel.” (Juízes 2.10 - NVI)


1. INTRODUÇÃO: MAPAS E BÚSSOLAS

O dia 3 de fevereiro de 1931 começou com uma tranqüila manhã de terça-feira na região Costeira da Baía Hawkes, na Nova Zelândia. Os moradores de Napier e Hastings, as duas principais cidades daquela área cuidavam da sua vida como faziam há décadas.
Então, às 10h46 da manhã, tudo mudou. Ocorreu um terremoto de 7.9 graus na escala Richter, que destruiu a maior parte dos edifícios em ambas as cidades, matando centenas de pessoas. Logo que a fumaça e a poeira se dissiparam, os moradores de Napier e Hastings foram tomados de grande surpresa. A paisagem abalada possuía pouca semelhança com o terreno que eles tinham conhecido tão bem. Pontos Turísticos – como o monte Napier Bluff – haviam sido arrancados da costa e lançados ao mar. O que uma vez fora um terreno plano, era agora uma cadeia de montes. Onde havia existido vales, agora tinha uma região plana. A Lagoa Ahuriri havia sido tragada deixando mais de 3640 hectares de terra seca.
Quando começaram a reconstruir a cidade, se depararam com um dilema. O terreno havia mudado muito. Os mapas da cidade já não serviam. Estes mostravam estradas onde estas não existiam, e não mostravam a terra onde esta veio a surgir.
Por fim, Napier e Hastings, foram reedificadas com sucesso, porque aqueles que dirigiram a reconstrução jogaram seus mapas fora e confiaram em uma bússola. Quando a paisagem muda e os mapas são inúteis, a bússola ainda é digna de confiança.
Grandes abalos sociais e mudanças culturais aconteceram em toda a história. A queda do Império Romano é um exemplo. Quando os Bárbaros invadiram Roma, os pagãos jogaram a culpa nos cristãos, dizendo que os deuses estavam furiosos com o Monoteísmo Cristão. Então surgiu Agostinho, Bispo de Hippona, Norte da África e argumentou que os cristãos não tinham culpa, o comportamento pagão havia acelerado a queda de Roma. Os Escritos de Agostinho serviram como leitura orientadora que a Igreja seguiu pelos mil anos seguintes. Em meio ao caos e à confusão, foi a Igreja que mostrou o caminho.
Hoje, nós estamos passando por um abalo sísmico semelhante: A ERA PÓS-MODERNA.

Nunca antes uma sociedade se tornou tão permissiva, tão deslocada e desunida, tão incapaz de manter a ordem, a estabilidade e o equilíbrio.”
Atualmente, as pessoas não se submetem mais à razão e à lógica familiar. Exemplos:
- O número de adultos sem igreja dobrou de 1991 para cá. (G. Barna)
- Treze milhões de pessoas dizem ter aceitado a Jesus, mas não tem por hábito freqüentar uma igreja.
Nossos mapas antigos – Escola Dominical, EBF, fórmulas de crescimento da Igreja, evangelismo, entrega de folhetos, cultos ao ar livre, campanhas para alcançar pessoas – não têm o mesmo resultado que outrora tiveram.
Não podemos continuar fazendo o que sempre fizemos, do mesmo jeito e esperar obter um resultado diferente.
Onde estão aqueles que fazem parte desta geração, e não freqüentam a Igreja? De uma volta de carro no sábado ou no domingo à noite, e você os encontrará reunidos, em grupos de 2 a 10, sentados numa praça ou em torno de uma mesa numa lanchonete. Eles estão conversando, falando e ouvindo. Estão experimentando a comunhão e buscando a intimidade. Estes locais não estão nos nossos mapas de sábado e domingo. Como fazer para alcançá-los? Precisamos retornar urgentemente à bússola, que é Cristo.

 


2. A GERAÇÃO PÓS-MODERNA

 

Antes de mais nada, aqueles que constituem a próxima geração de crentes estão desorientados. Eles não querem mais um mapa, eles precisam de uma orientação pessoal.

QUEM É ESSA “GERAÇÃO QUE NÃO CONHECE O SENHOR”?

- Encontramos uma Geração Desorientada. Eles não querem um mapa: eles precisam de orientação pessoal. Continuamos a lhes oferecer novos mapas – eventos –, quando na verdade eles estão implorando por orientação pessoal.
- Uma Geração Temerosa. Quais edifícios essa geração teme? Famílias, instituições políticas e a igreja. Exemplo: até a década de 90, as novelas em que a mãe e o pai trabalhavam juntos a fim de prover um refúgio seguro para seus filhos. Hoje, foram substituídas por outras que mais refletem a vida real (?) onde pessoas moram juntas pela amizade, ou pessoas do mesmo sexo “casadas” e etc. Uma vez que o edifício chamado família desabou, as pessoas sentem medo de voltar para ele. Temos como exemplo nos Estados Unidos o seriado Friends.
- Uma Geração sem Identidade. Os jovens encontram identidades na música e no cinema e adotam para si.
Esta geração, talvez como nenhuma antes dela, está desesperada por um discipulado. A essência em ser um discípulo está em passar algum tempo com o próprio Mestre. E isto é o que conseguimos como discípulos de Jesus – um convite a sua casa, onde podemos ficar com ele, ouvi-lo, fazer com que ele nos ouça e nos tornarmos seus amigos.
Quando apresentamos este retrato do cristianismo – e não há outro que seja completo ou exato sem o discipulado – estas pessoas desconsertadas e desesperadas anseiam por ser incluídos nesse quadro. Elas podem estar desnorteadas, mas sabem que a resposta que estão procurando é suficientemente grande para dar-lhes segurança na hora do terremoto.

3. QUAL É A NOSSA TAREFA?


Queremos que a Igreja cresça e seja bem sucedida. Porém, muitos métodos que utilizamos para a Igreja crescer, falham em efetuar uma mudança de vida permanente nas pessoas. O fato de alguém se sentar na Igreja por duas horas no domingo não o torna em um discípulo, de forma alguma! Jesus deixou apenas um plano para crescimento da Igreja: a multiplicação através de discípulos fazendo discípulos. Muitas vezes pedimos aos irmãos que passem seu tempo servindo como porteiros, cuidando de crianças e outros departamentos. E, quando são informados que a ordem de Jesus é ir fazer discípulos, estão todos cansados demais para cumprir a Grande Comissão, pois gastaram seu tempo e recursos em outras áreas.

4. RELACIONAMENTOS X ESTUDO DA PALAVRA


Para atendermos à área dos relacionamentos e alcançarmos o maior número de pessoas – com qualidade – precisamos retornar a três qualidades fundamentais:
ESTUDAR A CULTURA – Ao longo de toda trajetória da Igreja, as pessoas examinaram com atenção a cultura a fim de transmitir a Palavra de modo acessível e compreensível. Ex.: Paulo em Atenas.
ESTUDAR A BÍBLIA – À medida que estudamos a Bíblia, descobrimos os valores e a visão de Deus para cada um de nós.
EDIFICAR A IGREJA - Precisamos recuperar o entendimento fundamental que os cristãos não “vão a Igreja”, eles “são a Igreja”. A mudança de mente é uma constante (Rm. 12.2). Ou a Igreja muda, ou atrofia e morre.


5. CONCLUSÃO


Jesus não deixou um Plano B para a Igreja na evangelização. Existe apenas um plano: a multiplicação através de discípulos fazendo discípulos (Mt. 28.19-20). A evangelização atual precisa retomar o modo que Jesus usava para formar discípulos há quase dois mil anos: relacionamentos pessoais e ministração da Palavra de Deus.
Diante dos terremotos que estamos enfrentando nas áreas Moral, Política e Familiar não podemos apresentar novos mapas às pessoas, mas devemos trabalhar com a bússola, isto é, um discipulado que transforma vidas.
Eu e você, amado irmão, temos a obrigação de nos colocarmos na posição de amigos e ajudarmos as pessoas desta geração a experimentarem um encontro real com o Mestre. E, isso só vai acontecer se arregaçarmos as mangas e lutarmos pelo Discipulado. Essa é a orientação que Jesus nos deixou em Mateus 28.19-20.

6. BIBLIOGRAFIA

MENDES, Naamã. Igreja Lugar de Vida. Venda Nova. Editora Betânia, 1993.

BREEN, Mike. KALLESTAD, Walt. Uma Igreja Apaixonante. Rio de Janeiro. CPAD. 2005.

MELLO, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro. CPAD. 2003.



*Pr. Joary Jossué Carlesso é Assessor da Presidência IEADJO, Coordenador do Depto. de Discipulado da IEADJO, Pastor Distrital - Distrito 38 – NOVA JERUSALÉM em Joinville e Secretário do DECOM (Depto. de Comunicação) da CIADESCP. Cursou Design (UNOESC), é Bacharel em Teologia (Moriah) e pós-graduando em Aconselhamento Cristão (Refidim).

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