Comentário sobre
o TCC: Psicologia Da Religião:
Relações Existentes Entre Aconselhamento Psicológico E Aconselhamento Pastoral, de Joana Locatelli e Karine M. Ribeiro do Amarante:
As
autoras iniciam o trabalho afirmando que a população está desamparada, devidos
os grandes problemas da sociedade contemporânea. Neste contexto o SUS surgiu
para suprir estas necessidades na área da saúde, e o sistema fez com que os
psicólogos deparassem com uma nova realidade, uma vez que até então a clientela
era limitada à classe média. Devido o despreparo destes psicólogos que migraram
para o serviço público em lidar com os problemas, o sujeito continuou ausente
de respostas e soluções da psicologia, e por força disso acabaram sendo
conduzidos às Igrejas, onde encontraram atendimento.
A
justificativa do TCC se apoia no reconhecimento que a OMS dá a questão da
“espiritualidade”, como uma dimensão humana. Embora na medicina ocidental, pela
falta de compreensão deste aspecto, a espiritualidade sempre foi tratada ou com
negligência ou com oposição pelos psicólogos, pois os egressos das faculdades
de psicologia não saem preparados para trabalhar com esta área. Assim, as
Igrejas acabam por atender esta demanda e auxiliar os sujeitos em seus
conflitos.
O
trabalho versou ainda sobre a questão do fenômeno religioso, frisando “a
religião e o simbólico”, explicando que o que é sagrado para um sujeito pode
não ser sagrado para outro. E que “aqueles que se sentem despojados de
‘sorte’(...) buscam apoio”, e esta busca se direciona ou à psicologia ou à
religião. A psicologia e o fenômeno da religião têm uma história antiga na
busca de uma interface mútua, considerando é claro o desenvolvimento histórico.
As pessoas religiosas utilizam suas tradições para modular suas experiências
emocionais, tendo desta forma benefícios psicológicos, porque a religião busca
fornecer sentido e finalidade à vida. Apesar de distintas, a psicologia e a
religião tem em comum a formação do suporte para o sentido da vida e ambas
tentam viabilizar a realização pessoal do ser.
O
histórico do aconselhamento psicológico no Brasil, segundo o trabalho, tem nos
ensinos de Carl Rogers sua maior expressão e influência.
O aconselhamento
psicológico define-se como “técnica psicopedagógica de ajustamento superficial
que pretende auxiliar o paciente a resolver seus próprios conflitos através de
conselhos e sugestões”. Porém, não se restringe a “dar conselhos”, mas
propõe-se a fornecer assistência ao indivíduo. O profissional conselheiro é um
facilitador que enfoca a tomada de decisão do sujeito, que potencializa
recursos próprios. Isso não significa “fazer ou pensar pelo outro, mas fazer ou
pensar com o outro”. O aconselhamento psicológico não pode ser confundido com a
psicoterapia, pois sua dimensão mais marcante é a tomada de decisão, enquanto a
psicoterapia trata a patologia.
Vemos, porém, sobre o aconselhamento
pastoral, que este é um ministério de ajuda às pessoas por meio de conversas e
outras formas de comunicação, voltado também às questões espirituais, tendo é
claro relação e usando instrumentos da psicologia. Ele evidencia um problema de
cada vez, onde o aconselhando é levado a dominar suas dificuldades lançando mão
dos recursos individuais e dos recursos da fé cristã, especialmente a oração e
a Bíblia. Através do aconselhamento pastoral as pessoas procuram se entender
consigo mesmas até chegarem à conclusão de qual é o sentido de viver e
desenvolverem simetria nas relações com os outros, com Deus e com o mundo. “O
objetivo do aconselhamento pastoral é libertar as pessoas de posturas
inconvenientes e da forma deturpada de perceber a realidade, além de afastar
temores, raiva e culpa” (p. 28).
Ao
final, foram apresentados os elementos comparativos entre a psicoterapia, o
aconselhamento psicológico e o aconselhamento pastoral, deixando claro que as
finalidades, tratamento e tempo de duração destes últimos se distinguem das da
psicoterapia. Quanto ao aconselhamento psicológico e o aconselhamento pastoral
são na maioria semelhantes entre si, especialmente na visão antropológica, no
fenômeno psicológico e no papel cotidiano na vida das pessoas. “Ambos tem
diferenças, mas apontam para um objetivo comum, o ser humano, o seu bem-estar”
(p. 33).
Pr. Joary Jossué Carlesso
Trabalho da Pós-Graduação em Aconselhamento Cristão
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